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Condado de Inércia

     

quarta-feira, maio 01, 2002 :::

 
Manifesto inercial contra a manufatura de celebridades.

No último final de semana houve a estréia de novos reality shows. Esses programas chulos que fazem com que um semi-analfabeto se torne formador de opinião da noite para o dia. O que você tem de pior em relação ao Krébi ou outras celebridades? Por que ninguém sorri quando você passa, ou faz acenos com as mãos? As celebridades que estão aí não valem nada, são uns pulhas que acham que o mundo é apenas a ilusão em que vivem.

O que você pode fazer? Diga não . Desligue a TV. Não assista estes programas depreciativos. Leia um livro. Você ganhará muito mais. Vamos acabar com essa fábrica de fazer dinheiro e de empobrecimento cultural.



domingo, abril 28, 2002 :::

 
O mês de abril está passando e acabo de ler Abril Despedaçado, do escritor albanês Ismail Kadaré. Esta obra serviu de base para o roteiro do filme homônimo de Walter Salles que estréia no início de maio nas metrópoles.

Nas montanhas albanesas, o Kanun (cânon), um secular código de leis não escritas, rege a vida e a morte, sobrepondo-se ao poder do Estado e da Justiça. Obedecendo ao Kanun, famílias entram em vendeta, alimentando uma matança pela garantia da sua honra. O assassinato de um membro, dá à família o direito de “recuperar o sangue” vingando-se do seu algoz. O ciclo de morte perdura indefinidamente a menos que ambos os lados entrem em acordo com uma bessa definitiva, o que raramente ocorre. O gjark, o incubido de dar continuidade à vendeta com o seu fuzil, não é visto como um assassino, pois é admirado como um homem de honra. Ao desferir o seu tiro, ele sabe que em breve será o próximo a cair.

A despeito de sua crueldade, o Kanun reflete um complexo código moral, com uma surpreendente riqueza de detalhes. As suas regras sugerem uma reflexão a respeito da justiça. O que parece uma atitude bárbara, significa honra. A paz é um privilégio apenas de quem não buscou a violência.


Esses caras estranhos e seus ideais maravilhosos.

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